terça-feira, 18 de dezembro de 2012





Jamais experimente a Liberdade se você não for capaz de suportar a Solidão.




Eu diferencio claramente solidão de solitude: esta é voluntária e corajosa; aquela nos é imposta pelo Medo. Solidão é carência. Solitude é suficiência. A solitude tem beleza e esplendor: por isso, positiva. A solidão é humilhante, escura e melancólica: portanto, negativa. A primeira é saudável; a outra, uma doença. Solitude é coisa do indivíduo. In-divíduo. Inteiro. Único. Indivisível. Porém, a solidão vive sempre em busca de caras metades. Sempre pede companhia, implora companhia. Mas só companhia certamente não resolve. Tanto, que existe solidão a dois e solidão a mais. Escrevi até um livro, cujo título é Solidão a mil — com o duplo louco sentido que o termo sugere.

Mas o tema é complexo, e eu fico pensando. Será que você, você que não entende como posso ter feito ontem um jantar só pra mim — com luz de vela e tudo — será que você nunca passou uma noite inteira lendo um livro, sublinhando palavras ao acaso, cotovelos apoiados na mesa, as mãos e um belo copo de vinho suportando a cabeça dançante? Será que você nunca passou uma noite inteira sozinho, deliciando-se com você mesmo, solto e alegre — sem saber nem como amanhecer?

Pois então é preciso que eu te pergunte: Você é livre para vivenciar gostosamente a própria Solidão — se quiser — ou tem sempre que reparti-la com alguém?


O direito à solidão e a capacidade de exercê-lo plenamente são, para mim, mais importantes do que a solidão em si. Entretanto, como já disse, quando falo em solidão eu me refiro, mais apropriadamente, à solitude — que é algo muito além do que apenas estar sozinho. Aliás, eu adoro companhia! Mas tem que ser companhia inteligente, libertária, excitante, criativa e, preferencialmente, sensual. Quem não tem sensualidade transbordante não inspira um segundo sequer do meu tempo.

(Edson Marques)















4 comentários:

  1. Interessantes, muito interessantes mesmo essas ponderações de Edson Marques sobre solidão, solitude e liberdade aqui compartilhadas. Nunca pensei nisso antes, nesses termos. Mas acaba sendo mais ou menos o mesmo que se dá comigo. De companhia também gosto, além de minha necessidade de estar só, só que pra mim nem sempre é indispensável, algumas vezes sequer é importante que minha companhia da hora tenha qualquer sensualidade, já que ela nem mesmo seria devidamente apreciada como tal. Vai da motivação, que pode muito bem não ter nada que ver com cama. Aí estão a maioria das minhas amizades, família, trabalho, e um montão de outras coisas que envolvem gente. Gostei muito do texto. Grande abraço.

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    1. João, gostei muito do seu comentário....
      Gosto também de companhia,mas quando se fica só, mil idéias surgem dentro de nós e finalmente ,não sentimos solidão!

      Volte sempre!!!

      Beijos

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  2. Que lindo seu blog, querida!
    Fiquei encantada com tudo. Com o que escreve, com as ilustrações e bem sei que a gente sente um carinho enorme por essas "casinhas" que se constrói pedra por pedra. Vou passear mais por ele todo, pois só cheguei agora. A gente se encontra por aí, nos espaços que criou. Grande beijo e parabéns pela "casa". Sonia K.

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    1. Muito obrigada pela visita....

      linda tarde a você Soninha!

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